O Governo Federal informou nesta quarta-feira, 11, que, de dezembro a agosto deste ano foram registrados quase 1.500.000 casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypt, dengue, zika e chikungunya, em todo o país. Média de 6.000 casos por dia que representa um aumento de 600%, se comparado com o mesmo período de 2018.
São quase um milhão e quinhentos mil casos registrados e o maior percentual é dos casos de dengue sendo que, as três doenças causaram 650 mortes no período. Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Espírito Santo e Bahia são os estados com maior número de casos.
O sudeste brasileiro é uma das regiões mais afetadas pelo problema. Com isso em mente, agentes públicos de estados e municípios já se movimentam para evitar o agravamento do problema no próximo período de chuvas. Na região noroeste do Espírito Santo, não é diferente.
Boa Esperança
A secretária de Saúde de Boa Esperança, Ana Rosa Marin, relatou que é uma preocupação constante da Secretaria, para que a população não seja prejudicada.
“Desde o início de cada ano começamos a elaborar maneiras de não permitir a proliferação do mosquito. Para isso realizamos intensamente o trabalho de campo com os agentes de combate às endemias, além do bloqueio mecânico para eliminar o maior número possível de criadouros do mosquito. Também realizamos o Levantamento de índice rápido – Lira e campanhas de prevenção veiculadas em rádio e carro de som”, esclarece a secretária que informa também que o município não apresentou casos de zika e chikungunya em 2018 e até agora, em 2019.
Ana Rosa afirma que a situação, agora, está controlada graças ao empenho de toda a equipe da Secretaria, em especial da Vigilância em Saúde. O gerente operacional do órgão, Wanderson Moral lembra que foi um trabalho árduo para vencer uma ocorrência anormal do mosquito.
“Em 2018 foram 13 casos notificados e 6 confirmados. Este ano, até a semana epidemiológica, que terminou no dia 07, são 84 casos notificados e 14 confirmados. Número que pode aumentar, pois, ainda aguardamos os resultados dos demais exames que foram encaminhados para análise”.
O problema seria maior, não fosse a reação eficaz da equipe de vigilância. Uma das iniciativas que apresentou bons resultados foi a utilização do Programa Ovitrampa, de suma importância no trabalho de combate ao aedes aegypti.
“Esse programa foi fundamental para identificar onde está tendo a infestação. Se em uma armadilha tiver muitos ovos do mosquito, quer dizer que ali, naquele bairro, está tendo muitos mosquitos. Além disso, a armadilha consegue tirar de circulação uma grande quantidade de ovos do mosquito em Boa Esperança”, ressalta Wanderson Moral.
A Prefeitura de Boa Esperança também não possui insumos para a utilização do fumacê. O veículo e os insumos são disponibilizados em caso da incidência do número de casos novos notificados relacionado à população residente.
Nova Venécia
O secretário de Saúde de Nova Venécia, André Fagundes, relata que até o final de agosto, já fora do período sazonal com a chegada do inverno, os casos de dengue persistiam em número anormal.
“Geralmente, com a chegada do inverno há uma redução nos casos de dengue, porém, o mosquito continuou ativo exigindo um esforço maior da Secretaria. Naquele período ainda tínhamos de 4 a 6 casos da doença por semana. Hoje, no entanto, os números estão dentro da normalidade”, comemora o secretário.
A proliferação anormal do mosquito precisa ser combatida com a ampliação do fumaçê. Apesar de divergências entre pesquisadores, a iniciativa é, ainda, uma das mais eficientes e utilizadas pelo Poder Público no combate a mosquitos. Mas, segundo André Fagundes, os municípios estão desassistidos pelo Governo Federal.
“Ficamos sem fumacê. O Governo Federal encerrou a entrega dos insumos no primeiro trimestre. Hoje, estamos com falta desse material. Outro ponto importante a ressaltar é que os números cresceram em toda a Região Sudeste”, afirma André lembrando que, apesar disso, Nova Venécia atualmente apresenta, apenas, de 1 a 2 casos suspeitos.
Barra de São Francisco
O secretário de Saúde em Barra de São Francisco, Zulagar Dias Ferreira, também afirma ter motivos para comemorar. O titular da pasta afirma que o município e seus funcionários tiveram que trabalhar duro e com criatividade para enfrentar a disparada dos casos de dengue no período sazonal.
Entre as ações efetivadas para combater e reduzir os números de casos da doença estão: ações de educação em saúde; uso de larvicidas biológicos; ações de controle mecânico (retirada de reservatórios); mutirões; divulgação de campanhas pelas rádios e jornais, entre outros. O objetivo era reduzir rapidamente o grave quadro de casos de dengue.
“Tivemos problemas sérios de incidência de dengue. Barra de São Francisco chegou a ser o primeiro município da região em casos registrados e de suspeita da doença. A partir daí tivemos algumas ações. Criamos um espaço no Programa de Saúde da Família – PSF exclusivo para atendimento de pessoas com suspeita de dengue. Essa medida durou até mês passado”, lamenta Zulagar.
Segundo o secretário, o esforço foi recompensador, pois, o município saiu de “um sistema de lástima para um situação privilegiada em relação à dengue.
“No último mês não tivemos um registro sequer de suspeita de dengue. A situação atual é de vigilância, pois, estamos preparados, sabemos o que fazer. Seremos mais efetivos e contundente no combate ao aedes egypti e as doenças transmitidas pelo mosquito. Hoje, Barra de São Francisco está em condições enfrentar a situação com mais conhecimento e eficiência”, comemora o secretário.
População
Existe uma unanimidade entre os entrevistados de que, o grande elemento de combate à proliferação do mosquito é a população. Visto como o principal ator no combate ao mosquito, o cidadão, em sua casa ou no seu trabalho, pode derrotar esse problema, com disciplina, atenção e atitude, inclusive, convocando o poder público pelos canais oficiais. Na impossibilidade de estar dentro de cada residência, os municípios e o Estado contam com a parceria de cada morador.
Como combater
O aedes aegypti é um mosquito doméstico. Ele vive dentro de casa e perto do homem. Com hábitos diurnos, o mosquito se alimenta de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. A reprodução acontece em água limpa e parada, a partir da postura de ovos pelas fêmeas. Os ovos são colocados e distribuídos por diversos criadouros.
Em menos de 15 minutos é possível fazer uma varredura em casa e acabar com os recipientes com água parada – ambiente propício para procriação do Aedes aegypti. Veja as principais orientações: